Ciganos

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Ciganos do Mar




Os Moken (Mawken ou Morgan), são um grupo étnico composto de 2.000 a 3.000 pessoas residentes na área costeira meridional de Myanmar e da Tailândia, localizando-se principalmente no arquipélago de Mergui. Mantêm uma cultura ancestral baseada no mar, embora em risco devido à possibilidade de adulteração de costumes antigos pelo excesso de turismo.

São conhecidos como os ciganos do mar, devido ao facto de a população Moken ser nômade indo de ilha em ilha com os seus barcos, vivendo da recolha de frutos do mar e da pesca. As crianças são educadas desde muito cedo nestas atividades, chegando mesmo a aprender a nadar antes de andar, sendo também invulgar a sua capacidade de apneia, muito treinada. O seu vasto conhecimento do mar permite-lhes viver da sua fauna e flora usando apenas ferramentas muito simples como redes e arpões.

Habitualmente, estabelecem-se em terra firme apenas no período das monções. Antigamente, nos períodos vividos em terra, as atividades principais dos Moken eram o comércio com mercadores chineses e a caça; ultimamente, porém, os Moken vivem do artesanato. Os Moken nômades têm uma religião baseada na crença da existência de espíritos e na prática de xamanismo.

As habitações dos Moken usadas durante o período das monções foram totalmente destruídas durante o tsunami que se abateu sobre o litoral asiático logo após o Terramoto do Índico de 2004. No entanto, o seu conhecimento do mar permitiu, nos poucos minutos que o mar recuou antes de chegarem as ondas gigantes, que a generalidade dos indivíduos conseguisse escapar ou para zonas altas em terra ou mover as embarcações para zonas no mar de maior profundidade.


O povo Bajau, também conhecido como “ciganos do mar”, tem pescadores que conseguem mergulhar a 20 m de profundidade e ficar até cinco minutos sem respirar, enquanto a maioria das pessoas precisa de ar após 30 ou 40 segundos.


Os Bajau vivem no sudeste asiático, em barcos ou palafitas acima da água do mar. Tradicionalmente, eles nascem, vivem e morrem no mar, o que lhes rendeu a fama de mergulhadores natos. Uma equipe do programa Human Planet (Planeta Humano) da BBC registrou, na costa de Sabah, em Bornéu, os mergulhos nos quais os únicos “equipamentos” são óculos de madeira feitos à mão e um arpão. “Eu foco minha mente na respiração. Eu só mergulho quando estou totalmente relaxado”, diz o pescador Sulbin, que entra em um estado de transe antes da pescaria.


Controle mental


Segundo a instrutora de mergulho livre (realizado sem equipamentos, também conhecido como apneia) Emma Farrell, é preciso “estar aquecido e relaxado – você não quer hiperventilar antes de segurar a respiração”. O reflexo de mergulho, presente em animais aquáticos como golfinhos e lontras, e também em humanos em menor grau, ajuda no processo, de acordo com Farrell. “(O reflexo de mergulho) É uma série de ajustes automáticos que fazemos quando ficamos submersos em água fria. Ele reduz o batimento cardíaco e o metabolismo para diminuir o uso de oxigênio.”Mas a prática é arriscada. Alguns Bajau morrem em consequência de problemas causados pelos mergulhos.



Visão submarina


Os Bajau passam tanto tempo no mar que muitos deles dizem ficar enjoados quando vão para terra firme. Graças ao tempo passado na água desde a infância, quando seus olhos estão se desenvolvendo, os Bajau normalmente têm um visão extremamente boa debaixo d’água. Seus músculos dos olhos se adaptaram para contrair mais as pupilas e mudar a forma do cristalino, aumentando a refração de luz. A pesquisadora sueca Anna Gislen, da Universidade de Lund, comparou a visão subaquática de crianças de povos “ciganos do mar” de Mianmar e Tailândia com a de crianças europeias e descobriu que os povos do mar enxergam duas vezes melhor debaixo d’água, uma diferença que pode ser reduzida através de treinamento.





Audição prejudicada



Uma parte do corpo dos Bajau que não se desenvolve tão bem são os tímpanos, que normalmente rompem bem cedo, segundo o diretor do programa da BBC, Tom Hugh-Jones. “A audição de Sulbin é fraca porque ele não equaliza a pressão nos ouvidos quando mergulha. Ele nunca teve treinamento formal de mergulho. Ele aprendeu com o pai a segurar a respiração.” Segundo Hugh-Jones, há teorias evolucionárias polêmicas que dizem que um ancestral dos primeiros humanos teve de se adaptar a um ambiente parcialmente aquático. A teoria do “macaco aquático” diz que é por isso que os humanos não têm muitos pelos e têm uma camada de gordura para manter a temperatura do corpo debaixo d’água. Também por isso os humanos seriam tão mais aptos a nadar que os macacos. Mas Sulbin e outros pescadores Bajau têm pouquíssima gordura no corpo, algo que pode ser útil a eles. Um corpo magro é mais eficiente no uso de oxigênio e boia menos, fazendo com que ele consiga andar sobre os corais com facilidade.


“Este tipo de mergulho livre – chegando repetidamente a profundidades como 10 m ou 20 m – aumenta o risco de problemas causados pela descompressão, mas você está mais protegido se é magro ou muito bem hidratado.” E surpreendentemente, Hugh-Jones diz que Sulbin fuma como uma chaminé. “Ele diz que relaxa seu pulmão.”


Os Bajau vivem na terceira maior ilha do mundo, o Bornéu (que acolhe a Indonésia, a Malásia e o Brunei), e são conhecidos não só por nascerem, viverem e morrerem no mar, mas pela forma como capturam o peixe.
Equipados apenas com um arpão e uns óculos de madeira artesanais, os Bajau mergulham a profundidades de 20 metros, onde a pressão exercida é três vezes superior à da superfície, e por lá ficam durante vários minutos sem vir à superfície, até capturarem o peixe.


Estilo de vida provoca enjoos… em terra firme


Os Bajau vivem em casas flutuantes ou em palafitas construídas sobre recifes de coral, mas o mar está sempre presente. Existem até relatos de quem se tenha sentido enjoado por passar demasiado tempo em terra firme. Poder-se-ia pensar que dada a natureza da atividade deste povo, os Bajau teriam cuidados com aquilo que podia afetar as suas capacidades respiratórias ou pulmonares.

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